6 de outubro de 2006



Sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Bateu na porta e ele, do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.
Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria comer, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a mascara:

"Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância:

"Nem sei com que pernas cheguei até sua sala, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada musica que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado:

"Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo:

"Eu não sou melhor ou pior do que ninguêm, sou apenas alguêm que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a ultima peça caía, deixando-a nua:

"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixa-lo saber que é amado e deixa-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil.
Ficou em silencio sentindo-se mais mulher do que nunca. Viu em seus olhos aquele "Eu te amo tão esperado... ", e descobriu o que significava a frase: não ouça, sinta... ela sentiu !!
Ela sabe , ele vai lutar todos os dias contra esse sentimento, e que será uma grande batalha, mas não irá desistir enquanto houver força em seu coração.


Adaptado de texto Strip-Tease de Martha Medeiros

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