5 de fevereiro de 2016

os 40

Sim, estou na crise dos 40. Como diria uma amiga, acabou-se o viço da juventude, e como eu sempre digo, agora acabou a fase de desenvolvimento e estabilidade, estou estragando.

O corpo não é mais o mesmo, fujo de fotos e vídeos, meu maior inimigo é o espelho. Nenhuma roupa me cai bem, nada me faz sentir bonita ou feminina, é gente, essa é a crise dos 40. Perder peso é praticamente uma missão impossível, nosso metabolismo é outro, e com limitações, muitas atividades físicas são proibidas pelos médicos.

Fazendo uma breve análise da minha vida, gosto muito mais da minha aparência quando jovem, lógico, quem não gostaria? Digo até que estou passando por uma certa depressão, mas fui avisada lá atras, envelhecer dói. Estou em processo de aceitação, dizem que dói menos, por enquanto procuro pelo menos não pensar nisso.

Envelhecer é inevitável, e não posso deixar de existir, eu gosto de existir, do meu jeito, cheia de coisas e manias estranhas, com devaneios e sonhos apocalípticos, mesmo assim eu gosto de existir.

Voltando à analise de minha vida, chego à conclusões positivas, por incrível que pareça, mesmo não ter chegado onde imaginei aos 40, eu cheguei muito mais longe do que poderia imaginar. Meu patrimônio jamais poderia ser comprado, nada do que tenho hoje tem preço, nem meus brinquedos de Star Wars, ou meus DVS, meu equipamento fotográfico e muito menos meus Jogos de tabuleiro. Cada coisa que está aqui conta uma parte da minha vida, tudo tem uma história para contar. Faça o teste, entre na minha casa e pegue qualquer item e pergunte: qual a historia desse objeto? Com certeza terei algo pra contar, muito maior que uma simples compra.

Voltando aos meus devaneios, afirmo com todas as letras que não troco a mulher que eu sou hoje, pela de 10 ou 20 anos atras. Quanto mais longe vc for ao passado, mais bonita me encontra, e mais vazia, mais sozinha, mais triste.

Hoje eu sou livre, não preciso pedir a benção para as pessoas que me fizeram tão mal, não sou mais obrigada a receber dentro da minha casa quem eu não quero, não faço mais convites por educação. Sou diferente daqueles que me ensinaram o egoísmo e o preconceito.
Estou sempre cercada de pessoas boas, que só me fazem o bem, todo dia.
Acho que aquela moça bonita que eu fui teria muita inveja dessa mulher estragadinha, gostaria muito de poder conversar com ela e pedir que cuidasse com mais carinho da sua aparência, e aproveitasse melhor o tempo que lhe restava ao lado de pessoas que já se foram.

Preciso ser uma mãe melhor, preciso ser uma mulher melhor, preciso ser um humano melhor, vivo coberta de remorsos e culpas, mas isso também acho que faz parte da minha evolução .
Vejo coisas que não posso explicar, sinto coisas que não posso dizer, as vezes por vergonha, as vezes por não fazer sentido, não sei o que fazer com minhas duvidas, com minhas vontades, com meu imediatismo. Será que isso tudo se chama maturidade? Será que estou virando gente grande?
Como disse alguém muito especial: "deixe de se preocupar com coisas que não vão mudar a sua vida" , e é isso que vou fazer. 

De presente para mim vou deixar uma foto minha, de cara limpa, para que daqui alguns anos eu converse comigo novamente, e para eu do futuro eu peço, não se entristeça por seus filhos estarem grandes, olhe o resultado de cada um e veja se fez um bom trabalho e se valeu a pena, se algo deu errado não desista, mesmo que hoje eu duvide de mim. Apesar de duvidar de mim, eu acredito com todas as forças neles.

Acho que misturei tanta coisa nisso tudo ai, que só eu vou entender, é a crise! Falar de mim é sempre muito confuso. Demonstrar sentimentos tbm. Alias, ser eu é bem confuso, mas também é uma delicia. 

Estou sempre apaixonada!Isso é tão bom, isso é tão ruim, isso é tão eu!