11 de maio de 2014

Monstros

Monstros, eu crio monstros.
Todo mundo tem seus monstros, debaixo da cama ou dentro do armário.
Com alguns  me relaciono muito bem, talvez  por estarem presentes a vida toda, até posso chama-los pelo nome, converso com eles, e algumas vezes são meus únicos amigos.
Outros aparecem do nada, e puxam meu pé no meio da noite, me assombram e ameaçam. Eu fujo, mas insistem em chegar, e ficar.
Tenho a leve impressão de que a dor é o alimento da arte, e muitas vezes criamos dores para viver, para ter o que colorir.
O unico problema é,  minimalista que sou, não desejo muitas cores, mas faço questão das primárias, de preferencia separadas, uma em cada obra.
Talvez seja por isso que as obras Romero Britto me irritam tanto, são a representação física  do abstrato mais insuportável: cores jogadas aleatoriamente em algo bobo e obvio demais.
E ao contrario do que falam, não é o inverno, que cansa, entristece, desanima, é o obvio.
Ao mesmo tempo em que o obvio me enlouquece, o outro lado me excita, me agita e me apavora. O tal medo do desconhecido aparece, em forma de monstro, e o pior é quando o desconhecido está aqui, dentro de mim.
Como lidar com esse monstro que chega sem ser convidado, que resolve se instalar dentro de você, e fica com aquela voz repetindo baixinho, que você não é aquilo que sabia ser???
A estranha sensação de viver em saudade, mergulhada na ansiedade, no medo, no absurdo.





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