28 de agosto de 2006

Movimento

Dentro do trem, cansada , desiludida, para não enlouquecer deixei o pensamento voar.........


Uma voz longe, lendo a biblia , alheio aos outros , certo de que alguem ouvia sua pregação.
Balas 10 por cinquenta centavos, adesivo, olha a tabuada, o mapa mundi.... e lá no fundo do vagão , aquele rapaz em sua cadeira de rodas saboreava tristemente aquele chocolate de um real que acabou de comprar.
E eu ali tambem fazia parte do cenario, olhares indagavam o que aquela mulher escrevia no seu caderno do homem aranha, em pé?
Me sinto então obsevada por um belo rapaz, devia ter seus 35 anos, muito bem vestido, mãos impecaveis e descomprometivas...ele abandonou a leitura e prendeu seu olhar em mim. Não olhei diretamente, mas sentia seu olhar , equanto a avó mulata ao meu lado brincava com seu neto de cabelos dourados, como de um anjo.
Tantas historias de amargura impressas nos olhos.
O que aquela senhora de feições amaguradas observava? Não olhava o mundo exterior, mas fazia uma volta em seus pensamentos.
Outra voz , mas desta vez grave, descontrolada, reclamava de algo que realmente chateava e ao seu lado, com rosto sofrido, barbas brancas, um senhor tentava acalmar.... o que estaria incomodando????
Não resisti, adesivos lindos para minha filha, duas cartelas por um real, surdo mudo, não tá roubando, não tá matando, não tá pedindo , ele está ali vendendo.
Pela janela, com o trem em movimento, entra um rapaz um pouco nervoso, aflito, com se estivesse em fuga.
Minha estação, desço e vou caminhando até a roleta, olhando para dentro do trem, faces, faces, faces... um homem aparentemente passava mal, sentado num banco encostado na janela...
Acho que o rapaz está passando mal, disse ao rapaz com uniforme da empresa de trens. Como se eu pedisse uma informação apenas, sua reação foi... perai, não foi, manteve-se parado ali, ignorando meu apelo. Parei e fiquei olhando para o rapaz, que meio contraria chama a segurança e vai verficar. Missão cumprida, não esperei o final da historia.
Rua, tenho uma reunião. Mãe e filha deitadas na calçada, velho pedindo ajuda, rapazes em roda conversam e me chama de gostosa.
Minha cabeça rodou, sensação de impotencia, de agradecimento, de autopioedade, de alivio....
Toca a campainha... da-se o inicio a mais uma proposta reunião frustrada e improdutiva .
Uma hora eu acerto, pelo menos comprei os adesivos para minha filha.









Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente preciso voltar a escrever. É tão catalizador de tudo edo nada tb. Mas uma coisa é certa os repazes estavam certos.