17 de agosto de 2006

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Eu queria ter um amado
Que se derretesse em dengos,
Mesmo quando estivesse exausto
E, ainda, com a vida sob tormentos,
nunca me abandonasse ao relento...

Eu queria ter um amado
Que me abraçasse ao acordar,
Que me beijasse ao deitar,
Que me fizesse flutuar quando o peito estufasse
E, auxiliasse-me a descer se assim eu precisasse,
Ou a subir, quando a queda me derrubasse.

Eu queria ter um amado que aceitasse
Meu estender de mãos para passear no parque,
Para sentar à mesa,
Que pegasse os filhos na escola
E conversasse com eles longe da televisão...

Eu queria ter um amado para ir ao cinema,
Ver filmes, ler poemas, produzir temas,
Para sentar ao meu lado para fazer as contas,
Para decidir sobre as compras,
Para comer pipoca e para correr na praia
e que não desse palpite
Sobre o comprimento de minhas saias.

Eu queria ter um amado que passasse
as mãos nos meus cabelos
E no resto de meus pêlos, com tal zelo,
Como o carinho das mulheres,
quando se olham no espelho...

Eu queria ter um amado que fosse
único e raro em sua grandeza,
que tivesse destreza na lida diária,
nas escolhas, nos critérios, nos preceitos
E que aceitasse molhar-se em dia de chuva...

Eu queria ter um amado
Que fosse homem e moleque,
Alegre e triste, solidário e decidido,
Que conhecesse os segredos
Que aqui dentro guardo,
Que aceitasse a mulher e a menina
Que aqui dentro trago...

Eu queria ter um amado
Que não fosse príncipe encantado!
Ele não precisa ser gordo ou magro,
feio ou bonito, alto ou baixo, não ligo!
Deixo isso para decisão de seu próprio umbigo...

Quero apenas que meu amado toque
A imensidão tamanha do meu ser,
Que cure solidão triste que persiste
E nunca vai embora, mas é imprescindível
Que traga a alegria que eu tinha outrora...

Autor(a) Texto: Maria Mulher da Silva - Afrodite


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